quinta-feira, dezembro 31, 2009

Estamos no final do ano. É o momento ideal para mandar para o inferno tudo aquilo que te deu problemas. No caso não me refiro a pessoas, contextos, objetos, coisas, economia etc. Quando falo em mandar para o inferno é mandar para o inferno a si mesmo. Metaforicamente também.

Vamos fazer um exercício de filme de terror. FEche os olhos e viaje para o inferno. Olhe a paisagem ao redor e veja se ela te agrada. Procure o demo em pessoa e mande um beijinho. Veja se ele gosta. Acene e veja se sua mão continua no lugar. Sinta o clima e toque a pele que solta de sua carne pútrida. Dê um salto e aproveite a dor dos tendões e ossos esmigalhando sob o próprio peso. Respire fundo e conheça a dor de milhoes de agulhas perfurando teus pulmões. Sorria uma vez mais e diga pra si mesmo, enquanto tem lingua, que a vida é uma bosta. E fica tranquilo pois teu corpo se desfaz e logo se recompõe para mais uma sessão. Pois é assim mesmo. Aqui como no inferno o corpo é o mesmo, a dor é a mesma.

Final de ano, último dia também dá pra fazer uma visita ao paraíso. Não vou me perder em descrições pois é mais do mesmo. O corpo é que se rejubila e segue em eterno gozo.

Céu e inferno, mais do mesmo...

E aqui estamos com o corpo, com a diferença que temos a opção deprazer ou dor. Chega a ser patetica a situação.

terça-feira, julho 14, 2009

Dentro em breve estarei voltando a postar. preciso apenas organziar alguns aspectos do que deve ser feito. Abraços.

quinta-feira, julho 17, 2008

Meu corpo são dois corpos sensíveis ao variar do amarelo do ipê ao vermelho nacarado do ácer outonal e linfa com o odor das patas do jaguar enquanto os bastonetes de meus olhos me dizem que desfaleço sempre ao confessar ser incapaz de ver o negror do coração de meu mais profundo amor e paixão pois flutua montados sobre artérias salgadas e veias doces e articulações escavadas no granito e ossos compostos de mil milhões de granículos vulcânicos e carne rescendendo ao sabor de carvalhos e perobas e células divididas em mil folhas sendo as folhas dos galhos de meus pulmões as mais delicadas e feito nuvens oscilantes de tranqüilidade sobre o oceano de meus desatinos ou talvez minhas unhas sejam apenas a fúria descontrolada e cinza a pairar solene sobre os Himalaias de um sonho de angústia e melancolia por meus dois corpos estarem se decompondo ao ritmo de meu espírito que não mais se reconhece como sendo um apesar do pulsar febril de meu coração escamoso abissal a continuar a piscar na distância infinita da estrela azul de teu olhar que nunca verdadeiramente será meu apesar d’eu sonhar um dia com o casamento da eterna natureza de deus com a finita veleidade de meu existir.

sábado, maio 10, 2008

um amigo olhou para o ladoe procurou ao redor algo que lhe desse conforto. Sem encontrar, abaixou os olhos e foi para o chão, onde uma fila de formigas carregava um gafanhoto morto - talvez caçado, talvez penas morto como tantos mortos. Com a ponta dos dedos, mexeu no cadáver e pensou

talvez a vida seja isso

e levantou-se e desistiu de procurar. Acendeu um cigarro e tossiu espasmódico. Estava gripado e com dor de garganta

- por que eu?

jogou o tubete albino para longe e esfregou a palma da mão no reboco úmido e viu que o muro podia ser melhor, assim como podia ser melhor tanto de sua vida e quem sabe sua morte. Abaixou-se, pegou o cigarro e voltou a fumar. Cada trago um peneumotórax, cada suspiro uma avalanche de pigarro e de desgosto por ser quem era e quem podia ser não se manifestava. Desceu a rua até a esquina e esperou que o sinal abrisse. Dois carros observavam-se. Um deles loira, o outro moreno. Cada qual perdido em pensamentos mundanos. Um vislumbrava a família aguardando o almoço recé-comprado, outro repensava as horas que havia passado deitado em uma cama desconhecida e agora se arrependia pois havia esquecido a chave do apartamento em algum lugar entre a recepção e o quarto.

- Onde estou?

O céu o acusava de estar longe demais de si mesmo e ainda mais da vida que objetivou desde que era uma criança. Um dia acordou e viu que o berço não mais existia e que uma forte chuva que durava uma semana havia desistido de ser céu e tornara-se enxurrada no meio fio. Com os olhos mansos apoiou as mãos no beiral da janela e viu que a rua estava brilhando diamante e as pedras de paralelepípedo nunca estiveram tão belas. Correu para o quarto de sua mãe e pediu licença e pediu para dormir um pouco com ela que havia trabalhado a madrugada inteira. Sob as cobertas, com as cortinas fechadas, não mais havia sol ou chuva ou brilho ou dia exuberante, apenas o calor do corpo da mãe e a sensação de que a segurança da vida estava além da belexa ou mesmo de toda a força de uma existência paupatada em desígnios naturais. Sua vida se regia pelo sentimento de amor que naquele momento estava na sua mãe e que com o passar dos anos migrou para outras mulheres até que

- Não deve ser assim.

Atravessou a rua antes que o sinal abrisse e deixou bravo o carro loira e o moreno e correu para o ponto de táxi e pediu que o endereço fosse um nunca antes sido e desceu do automóvel com o peito arfante

- Você ainda me aceita?

Sombras de mim, ocultas em um corpo que amo e nas noites e nos dias e nos brilhos que se ocultam até que uma chuva alumbrada surja.

Amor que não desaparece até que consumido por ele mesmo, coração faminto e desesperado.

quinta-feira, novembro 01, 2007

Não acredito que Lúcifer tenha caído pela sede de poder. Se ele caiu, o segundo mais poderoso nas escalas do céu prateado, deve ter sido pelo amor nutrido a Ele. Como amar e não desejar e, ao se perceber dominado pelo desejo, não querer ser o objeto do seu amor?

Deus fez tombar a horda celeste quando se viu amado e incapaz de retribuir o amor sentido. Maldito deus de impiedade e possessão!
Hoje, mais tarde, vou acender uma vela a todos os caídos e mesmo que assim me seja o destino vou orar pela esperança e pela possibilidade de todos se saberem fortes e capazes de se levantar e caminhar rumo a uma nova escuridão, tão profunda que apenas o hálito dos fortes é capaz de iluminar e refazer como novo solarium perfeito e sem desculpas bem-aventuradas.
Demorei, mas finalmente consegui. Estou mandando deus para a puta-que-o-pariu. Para o fundo daquele buraco negro (o cu do universo), de onde nunca deveria ter saído. esse deus que me diz o que deve e o que não deve, que criou servos ao invés de senhores, não me serve mais (se é que algum dia serviu, a não ser como apoio para a minha cupidez e cvardia). deus nõ me serve mais de desculpa!
Como é possível existir uma vida de dúvidas?

Sendo covarde em tempo integral.

Como resolver a questão?

Duvidando e tomando decisões baseadas em valores claros (e caso não existam valores claros, estar pronto para assumir o erro).

segunda-feira, outubro 01, 2007

Gente demais está escrevendo e contando sua vida como se suas vidas fossem motivo de curiosidade de tantos mais. Um dragão de cordas frouxas para cada palavra de comiserção dita em tons de cinza em u blog ou em um livro curto demais para ser considerado romance. Assim é a vida que se conta. Curta demais. Nunca uma novea, jamais um romance, poucas vezes um corto, quando muito, um poema torto que se inunda de sentimento quando percebemos o vazio com que os anos se inflaram e, no momento do adeus das frases sem ponto e virgulas, nada ficou. Meu deus, para onde vou que nã há meios de desviar o caminho?

sexta-feira, junho 01, 2007

Chovendo. Sensei na única cadeira, da única mesa incapaz de ser molhada pelas gotas finas. Muitas gotas finas e frias que, de tanto rspigarem nas poças recém-formadas, acabaram por molhar meus sapatos e a barra da calça. Finalmente levantei e fui até a sala fechada. Vidros na parede esquerda e meus olhos procurando algo no cinza. Pensei em um filme, nas fotografias mal tiradas e no reflexo.Duas imagens sobrepostas

(alguém diz na mesa ao lado que a mulher do saci é a mais feliz de todas, se leva um é na bunda quem cai é o marido e eu penso que a mula-sem-cabeça é a mulher mais feliz por nunca levar chifre)
acendo o charuto - já havia acendido - e vou dando bafoiradas aos pares. Uma para o vento; outra para meu paladar. A lígua escorrendo envolta pela fumaça aprisionada e a ferida na parte de dentro da boca ardendo. Poderia ser grave; ou não.

Você entende o que significa o estado de torpor? Aquele momento derrisório, onde alma e espírito desabam sobre si mesmos e nos damos contas que não apenas o que nos cerca é volátil - o que eu já sabia desde a infância, quando descobri a miopia - mas tudo, inclusive este selfo que se manifesta nos sentimentos afogados de si mesmo.

(alguém na mesa ao lado comenta que abundância é um palavrão que ofende mulheres de bom gosto e mal senso pra alimentos; eu penso que a idade está me engordando)

Passo a caixa de fósforos para uma garota de olhos alegres e rosto chupado. Algo aconteceu entre a ginástica e o acordar que a tornou assim, patética, mas por isso mesmo capaz de um estranho tipo de beleza. Como todas. Todas essas meninas com jeito de sapatilhas - e não são todas? - de mãos dadas e beijos e abraços e discrições e a terna vontade de chamar a atenção ou de mostrar a felicidade incinerante que povoa seus corações.

Quando apago o charuto, aperto-o com firmeza no cinzeiro de cobre e espero que mais nada reste das folhas compostas e de mim, na sala repleta de mais mulheres e mais sorrisos e mais rostos chupados e abundantes formas de incapaz beleza, fica o cheiro forte de quem deveria ter partido antes e ficou um instante a mais, pra mais uma baforada, pra mais fumaça, pra ter certeza que a diluição de si é total na tarde que esvai.
Um carro enorme, maior a cada instante e o instante se quebra em milhares de instantes e então constato que é verdade. O momento final é o mais longo de todas as existências que me padeceram
(volta e meia parece que as coisas andam sem se mover. Como o tempo de querer e o tempo de dormir. Uma somatória de medos e descansos. Cada instante tem um nome e cada nome uma missão. Parece que é assim)
É isso, eu me escuto de corpo estatelado e pernas curvadas em uma dobra impossível e assim eu sei que nunca mais vou caminhar
(olhando pelo teto de vidro encontro nuvens escuras e outras névoas que me dizem que nada daquilo que tenho, tenho realmente. Associado a tanto, consigo entender que as palavras perdem o sentido. E é exatamente isso. As coisas perdem o sentido. Finalmente vejo que tudo o que faço tem muito pouco sentido)
Alguém que eu vejo distante - poucos metros - acena e dita um riso que me preenche o peito e avisa à namorada amada que tudo aquilo que foi dito na noite anterior não foi verdade e que agora apenas é motivo de riso e eles riem tanto que sinto que devo rir se tiver tempo antes do pára-choque acertar meu queixo
(nada de cansaço, nada de desânimo ou depressão. Apenas cosntato que as coisas perderam o brilho e que por isso mesmo, tudo tem mais brilho. Algo tão fulgurante que ofusca meu entender e perco a vontade de seguir adiante apenas por seguir. É preciso um objetivo. E é isso que estou à procura. Um objetivo)
E havia tanta coisa entre minha carne e meu osso antes do som de tudo se espatifanto e tornando-se cacos de mim entre as migalhas de minha consci~encia e ela sorri e o beija antes de perceber o som dos freios e da borracha queimando o asfalto
(Meu dus, como eu não queria morrer nunca mais...)