sexta-feira, junho 01, 2007

Um carro enorme, maior a cada instante e o instante se quebra em milhares de instantes e então constato que é verdade. O momento final é o mais longo de todas as existências que me padeceram
(volta e meia parece que as coisas andam sem se mover. Como o tempo de querer e o tempo de dormir. Uma somatória de medos e descansos. Cada instante tem um nome e cada nome uma missão. Parece que é assim)
É isso, eu me escuto de corpo estatelado e pernas curvadas em uma dobra impossível e assim eu sei que nunca mais vou caminhar
(olhando pelo teto de vidro encontro nuvens escuras e outras névoas que me dizem que nada daquilo que tenho, tenho realmente. Associado a tanto, consigo entender que as palavras perdem o sentido. E é exatamente isso. As coisas perdem o sentido. Finalmente vejo que tudo o que faço tem muito pouco sentido)
Alguém que eu vejo distante - poucos metros - acena e dita um riso que me preenche o peito e avisa à namorada amada que tudo aquilo que foi dito na noite anterior não foi verdade e que agora apenas é motivo de riso e eles riem tanto que sinto que devo rir se tiver tempo antes do pára-choque acertar meu queixo
(nada de cansaço, nada de desânimo ou depressão. Apenas cosntato que as coisas perderam o brilho e que por isso mesmo, tudo tem mais brilho. Algo tão fulgurante que ofusca meu entender e perco a vontade de seguir adiante apenas por seguir. É preciso um objetivo. E é isso que estou à procura. Um objetivo)
E havia tanta coisa entre minha carne e meu osso antes do som de tudo se espatifanto e tornando-se cacos de mim entre as migalhas de minha consci~encia e ela sorri e o beija antes de perceber o som dos freios e da borracha queimando o asfalto
(Meu dus, como eu não queria morrer nunca mais...)