quinta-feira, julho 17, 2008

Meu corpo são dois corpos sensíveis ao variar do amarelo do ipê ao vermelho nacarado do ácer outonal e linfa com o odor das patas do jaguar enquanto os bastonetes de meus olhos me dizem que desfaleço sempre ao confessar ser incapaz de ver o negror do coração de meu mais profundo amor e paixão pois flutua montados sobre artérias salgadas e veias doces e articulações escavadas no granito e ossos compostos de mil milhões de granículos vulcânicos e carne rescendendo ao sabor de carvalhos e perobas e células divididas em mil folhas sendo as folhas dos galhos de meus pulmões as mais delicadas e feito nuvens oscilantes de tranqüilidade sobre o oceano de meus desatinos ou talvez minhas unhas sejam apenas a fúria descontrolada e cinza a pairar solene sobre os Himalaias de um sonho de angústia e melancolia por meus dois corpos estarem se decompondo ao ritmo de meu espírito que não mais se reconhece como sendo um apesar do pulsar febril de meu coração escamoso abissal a continuar a piscar na distância infinita da estrela azul de teu olhar que nunca verdadeiramente será meu apesar d’eu sonhar um dia com o casamento da eterna natureza de deus com a finita veleidade de meu existir.