quarta-feira, agosto 23, 2006

POEIRA DE ESTRELA OU UMA UNIDADE DE CARBONO

Olhou para ele e achou que poderia perder-se para sempre na claridade de seus olhos.
Pensou que poderia tornar-se a heroína de seu romance enfim. Sentiu seu rosto corar. Ouviu do alto seu coração bater descompassado como seus tais cavalos xucros vestidos em selas mal arranjadas. Era impossível domar-se.
Ao estilo das princesas pós-modernas, seria resgatada de sua vida cinza. Poderia enfim dizer-lhe com sinceridade que não queria mais ser forte. Queria ser sua. Usaria sua mente brilhante para desenvolver novas técnicas e teorias que fizessem a vidinha simples deles tornar-se suficientemente grande a ponto de passar pelo buraco de uma agulha.
Acharia para ele possibilidades para toda a família K. Kepler, Kipling, Kafka. Qualquer um que pedisse. Aprenderia pescar. Explicaria para ele como um objeto pode estar em dois em lugares ao mesmo tempo. Riria, compreendendo enfim, as certezas intuitivas de Einstein.
Seria.
Não tinha dúvidas.
Mas viu-se só, no estacionamento de um shopping, sem coragem, e sem motivos para dar-lhe seu número de telefone, na esperança de que catástrofes naturais tais como vulcões, tempestades ou furacões não destruíssem sua casa e plantações.
E atribuiu ao Divino o desencontro. Mas queria que fosse diferente.