Imaginem
Odeio texto que comece com: Imagine. Imagine o caralho! Se é pra começar com: Imagine, vou eu pra televisão dormir. O imaginar é pressuposto. Quando abro o jornal, já vou com o pressuposto: imagine, e consigo ler e sobreviver aos tufões, trovoadas, acidentes, atentados, crimes, descalabros, corrupção e tudo quanto é merda que somente com uma baita imaginação é possível eufeminizar. Não que eu seja daqueles que se ocultam sob o manto da realidade florida (coisa de viado), pelo contrário. Sou a favor da verdade nua e crua, ainda mais se for de pernas bem torneadas, bunda proporcional, cintura e seios de acordo com as medidas padrão gostam de mim. Sendo sincero (o que costumo não ser mesmo quando sou), frente à televisão, no cinema, ouvindo música e tudo o mais, vou com o pressuposto: imagine. Pensando bem, acho que acordo sob esse pressuposto. Deve ser por isso que estou revoltado com os textos que começam com: imagine. É tudo reafirmação do que já é. Pleonasmo vicioso, se querem mais uma imagem. Caraca. Sabem de uma coisa? Vão à merda! E não imaginem se forem capazes.
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